Ficar com meu gato ou com meu namorado alérgico?

“Eu nunca considerei a possibilidade de ter que tomar essa decisão, até que o destino me forçou. Há muitos anos atrás, quando eu namorava, minhas prioridades eram encontrar uma pessoa compatível comigo, e, claro, meu gato tinha que gostar dessa pessoa também. O que eu nunca havia pensado a respeito era alergia a gatos. Afinal de contas, no meu perfil online, eu mencionava que tinha um gato. Isso não excluiria automaticamente pessoas que fossem alérgicas a gatos?

Não excluiu.

Conheci um cara realmente incrível, chamado Zunaid. Bonito, inteligente e engraçado. Nós nos demos bem no nosso primeiro encontro, em um restaurante japonês. Zunaid disse que amava animais, mas que era alérgico a eles. Eu não dei muita importância quando ele me falou. A maioria das pessoas alérgicas que eu conhecia ficava com os olhos coçando e espirravam um pouco após algumas horas perto de gatos. Imaginei que com Zunaid seria o mesmo, e que essa não era uma coisa com a qual eu deveria me preocupar, já que estávamos apenas nos conhecendo. Quem saberia se ele era O cara?

A primeira vez que Zunaid visitou meu apartamento, ele fez carinho no gato, e Furball deu seu ronronado de aprovação. Parecia que a alergia não era tão grave, de forma alguma. Uns cinco minutos depois, Zunaid disse que seus olhos estavam começando a coçar um pouco. Dez minutos depois, ele começou a pigarrear. Com quinze minutos, ele começou a tossir e disse que seus olhos estavam queimando. Perguntei se deveríamos ir para fora, mas ele preferiu resistir. Cinco minutos depois, ele começou a ficar ofegante e disse que sua garganta estava fechando. Saímos do apartamento apressados e passamos a o restante do tempo conversando no hall de entrada.

Estava claro que nós tínhamos um problema, mas como nós realmente gostávamos um do outro, continuamos saindo. Apenas evitávamos passar muito tempo na minha casa. Semanas de namoro se tornaram meses. E esses somaram dois anos. Era hora de responder à questão que sempre foi o “elefante na sala”, ou melhor, o gatinho preto.

Ficamos com o gato ou o doamos?

Eu amava meu gato. Quando adotei Furball, fiz um compromisso para a vida toda. Sempre julguei pessoas que se desfaziam de seus animais de estimação. Eu não poderia ser uma dessas pessoas, ou poderia? Mas se eu não desse meu gato, Zunaid seria forçado a sofrer com sua alergia. Isso seria justo? Ele estava cansado de espirrar, sentir falta de ar e tossir. O que eu iria fazer? Quem eu iria escolher?

A resposta vai lhe surpreender.

Acabou que eu não tive que escolher. Zunaid me disse para ficar com Furball, que ele viveria com sua alergia. Nós nos mudamos juntos para uma casa espaçosa e luminosa na cidade. Tínhamos seis filtros de ar funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana. Soavam como túneis de vento quando ligados. Com os filtros de ar funcionando e os quartos designados como áreas proibidas para gatos, Zunaid conseguia sobreviver tomando remédio para alergia. Contudo, com o passar do tempo, as pílulas passaram a ser menos eficazes. Muitas noites, Zunaid ia dormir ofegante. O pobre menino sofreu bastante.

Em um dia fatídico, Zunaid decidiu dar um basta e foi buscar métodos alternativos de cura. Dez anos antes, ele havia se curado de colite ulcerosa apenas com meditação e visualização. Decidiu tentar o tratamento novamente, dessa vez para alergia.

Eu também mostrei a ele vários pontos da Reflexologia Chinesa que ele poderia massagear. Esses pontos correspondiam a meridianos energéticos em seu corpo, que na Medicina Tradicional Chinesa estavam relacionados à alergia. Zunaid passou a massagear seus pés diariamente. Ele também começou a ver um dos meus professores de acupuntura para fortalecer seu lung “qi”, ou “calor do pulmão”.

O professor deu a ele saquinhos com ervas chinesas de cheiro forte para fazer infusões. Com a combinação de meditação, reflexologia chinesa, acupuntura e ervas, as alergias de Zunaid começaram a melhorar. Com o passar de dois anos, a mudança foi tão gradual que nós quase não percebíamos acontecendo. E então um dia, nós percebemos que Zunaid não era mais alérgico ao gato. Ele tem estado livre de alergias por mais de três anos. Estamos casados há mais de cinco anos e temos um lindo filho e um gato incrível.

P.S.: Enquanto eu estava escrevendo esse artigo, perguntei ao meu marido por que ele começou a sair comigo mesmo sabendo que eu tinha um gato. Sua resposta encantadora: “Achava você linda.””

Este depoimento foi retirado do site Catster e traduzido pela voluntária Ana Carolina Pontes Maciel exclusivamente para o Amigo Não se Compra. Leia o texto original aqui.

 

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3 Comentários

  1. Cara

    Amei! Não tive essa sorte! Tive q escolher ! Escolhi meu senso e coração! Escolhi meu Dog! Ele chegou primeiro na minha vida! Eu poderia sim ter uma vida incrível com ela, mas sim, escolhi meu cachorrinho! Meu parceiro, meu amigo, meu Dog q precisa dos meus cuidados! Quem sabe um dia alguém me completa como ela me completava? Aceitando o amor ! Pq não é quem é sim um sentimento! Quem ama de vdd não manda escolher !

    • Fabiana Xavier

      Oi, Cara!

      Eu penso que a época do namoro é pra conhecer o outro mais afundo mesmo. Eventualmente, você vai descobrir que o outro não tem os mesmos sonhos e desejos que você. Com o tempo, você percebe que nem estão encaminhando para o mesmo destino.
      Não é sobre escolher, mas buscar pessoas que têm o mesmo interesse e afinidades que você.
      Tenho certeza que no momento certo você vai encontrar alguém que gosta de cachorros e tem outros interesses em comum que você! 🙂

      Um abraço!

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